Voz á Saúde: Andreia Costa, Diretora de Serviços da Casa da Alegria e felizMENTElar
A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência, pensando-se que seja responsável por mais de 50% dos casos. Como todos os outros tipos de demência, a demência de Alzheimer é progressiva, com agravamento dos sintomas ao longo do tempo. Isto resulta numa perda da função das células cerebrais e na morte celular, afetando a memória, a linguagem, o raciocínio e o comportamento social.
É muito comum ouvirmos dizer que “ a minha mãe não era assim”… Frequentemente, pessoas com Alzheimer podem apresentar crises de ansiedade, confusão, tornando-se mesmo agressivas com os seus entes queridos ou cuidadores. No entanto, algumas das alterações de humor e comportamento podem estar ligadas a dificuldades de comunicação, incapacidades e à própria inadequação no apoio prestado.
Com a progressão da doença, os sintomas tornam-se mais visíveis, interferindo na vida diária, perdendo a independência e/ou autonomia. Existe a necessidade de apoio, de criar uma rede de suporte (vizinhança, familiares, centro de dia, etc) para assegurar as suas necessidades básicas e psicossociais (conforto, segurança e afeto). A sobrecarga emocional e física dos cuidadores dos doentes com demência é avassaladora, alterando toda a estrutura familiar. É fundamental os cuidadores terem noção dos sintomas a esperar com a progressão da doença.
A nível emocional, pode ajudar a encontrar formas de lidar com comportamentos mais desafiantes. É uma doença que habitualmente, evolui durante anos, e a informação poderá ajudar a vivenciar esta jornada com maior qualidade. Apesar de não haver cura, existem medicamentos disponíveis que ajudam a tratar sintomas relacionados com a memória e/ou o comportamento. É fundamental um acompanhamento especializado. É fundamental que o diagnóstico seja o mais precoce possível.
No tratamento da doença de Alzheimer podemos conciliar a intervenção farmacológica com a intervenção não-farmacológica, através de um conjunto de intervenções que visam maximizar o funcionamento cognitivo e o bem-estar da pessoa.
A Casa da Alegria surge da necessidade de uma resposta diferenciadora centrada na pessoa com demência. A nossa intervenção pressupõe um equilíbrio entre terapias farmacológicas e não farmacológicas, como garantia da qualidade de vida dos utentes, na promoção da sua autonomia e o retardamento da progressão da doença. As atividades desenvolvidas têm como fim a estimulação das capacidades da pessoa, preservando, pelo maior período possível, a sua autonomia, conforto e dignidade.
O mês de setembro é o mês de sensibilização da doença de Alzheimer e recordamos assim a necessidade de uma consciencialização da demência como prioridade de saúde pública e uma articulação estreita entre cuidados de saúde e sociais.
As demências ainda são um ESTIGMA para a Sociedade, mesmo para alguns profissionais de saúde. Existe muitas situações de diagnóstico tardio ou pessoas sem diagnóstico.
Estima-se que existam, em Portugal, cerca de 200 mil pessoas com demência. Estará este número perto da realidade?